sábado, 1 de março de 2014

Introdução à ultrassonografia

A ultrassonografia ou a ecografia é o estudo das imagens pelo eco. Ou seja, na ultrassonografia o mecanismo de formação das imagens é o som. Como assim? Como o som ou ondas sonoras poderiam gerar uma imagem radiológica em um monitor?

Lembrando-se da física básica precisamos saber o conceito de frequência para compreender o ultrassom, porém, antes disso, precisamos nos perguntar: como acontece a percepção das ondas sonoras? Em animais e nos seres humanos as vibrações timpânicas causadas por diferentes mudanças de pressão, ocasionadas por ondas mecânicas que se propagam pelo ar, é a forma pela qual nós percebemos o som.

Entretanto, não conseguimos perceber todos os sons, não é verdade? É aqui que a frequência nos auxilia. 

Existem diferenças fisiológicas do quanto cada animal consegue perceber de som ao seu redor. A frequência que a orelha humana consegue detectar varia de 20 a 20.000hz (hertz). Frequência pode ser descrita como uma grandeza que indica o número de ocorrências de um evento (ciclos, voltas, oscilações, etc) em um determinado intervalo de tempo. Traduzindo isso para o ouvido humano temos uma mudança cíclica de vibrações timpânicas. Sons que possuam frequência acima de 20.000HZ são chamados ultrassons.

Obviamente que além da frequência precisamos entender que o som se propaga em diferentes meios com diferentes velocidades. E por que é importante saber isso? É importante, pois nos faz entender o porquê da ultrassonografia não ser aplicada em determinadas regiões corporais ou o porquê dela não ser utilizada para certas abordagens. E por que o som se propaga com velocidades diferentes se mudarmos o meio em que o mesmo se encontra? por uma resistência que chamamos de impedância acústica. 

A impedância acústica pode ser traduzida como a resistência que algum meio oferece à passagem do som. De formas que, por exemplo, a velocidade do som é maior em meio líquido que no meio sólido. Por outro lado a velocidade do som no meio gasoso é maior que no meio líquido.

Depois de tantos conceitos físicos, onde conseguimos aplicar isso na radiologia?

Os aparelhos de ultrassom utilizam frequências variáveis através de objetos chamados de transdutores. Os transdutores são dispositivos que recebem algum tipo de sinal e o retransmite. No caso dos transdutores de ultrassonografia os mesmos possuem em sua extremidade cristais que possuem a capacidade de converter energia elétrica em energia sonora (ou mecânica) e vice-versa (também chamado de efeito piezoelétrico). Esses transdutores utilizam diferentes frequências, a depender de seu tipo. Porém, é válido ressaltar ao estudante de radiologia que quanto maior a frequência do transdutor maior será a definição das imagens mas menor a profundidade de penetração. Na prática isso quer dizer que podemos utilizar um transdutor com maior ou menor frequência a fim de alcançar alguma região corpórea ou algum órgão.Teremos que escolher sabiamente para adquirirmos imagens melhores e mais nítidas.




Principais transdutores utilizados (cada um com sua principal característica e com um uso principal para a aquisição de imagens. Na sua extremidade temos os cristais que fazem o efeito piezoelétrico)


Para realizarmos o exame ultrassonográfico precisamos utilizar um gel à base de água. Por que? porque precisamos que o transdutor deslize melhor e também esse gel favorece a retirada de uma mínima quantia de ar presente nos poros, dobras da pele, etc. Precisamos retirar essa interface "transdutor-ar-paciente" e ao colocarmos o transdutor em contato direto com a pele do paciente juntamente com esse gel, conseguimos transformar "transdutor-ar-paciente" em "transdutor-paciente", favorecendo a melhor aquisição das imagens e um melhor contato do transdutor com a região a ser estudada por ele. O ar ou gás não é um bom veículo condutor de ondas ultrassonoras. Isso é tão verdade que em exames de ultrassonografia abdominal precisamos de um período de jejum por parte do paciente, pois precisamos reduzir a quantidade de ar no intestino. Afinal de contas, precisamos que o ultrassom vá até a região anatômica desejada, bata naquela região e volte com um eco (parecido com um sonar) para aí então termos a formação plena da imagem. O ar/gás não permite que o som bata e retorne, dificultando a formação das imagens. O mesmo ocorre com o crânio. O osso não permite que o som tenha livre trânsito sonoro ("bate e volta"), de formas que o ultrassom não é um bom método radiológico para adquirir imagens a partir de componentes ósseos como o crânio (exceto em casos onde as fontanelas estejam abertas. É o que chamamos de ultrassom transfontanela, feito em criancinhas cujas fontanelas ainda não fecharam)





Compreendendo como o ultrassom funciona, precisamos ter uma nomenclatura para as imagens adquiridas, não é verdade? como dito no primeiro parágrafo do post, a ultrassonografia trabalha com sons ou eco, de maneira que as imagens adquiridas são imagens ecóicas (derivam do eco). Imagens brancas são denominadas hiperecóicas, imagens pretas são denominadas hipoecóicas e imagens com ecogenicidade semelhante são denominadas isoecóicas. 


Se você, leitor, reparar e comparar essa postagem com a postagem passada, as nomenclaturas são parecidas no quesito hipo e hiper das imagens 


(Tomografia - Hipodenso, isodenso, hiperdenso/ 
Ressonância - Hipointenso, isointenso e hiperintenso)/ 
Ultrassonografia - Hipoecóico, isoecóico e hiperecóico)


Imagem hipoecóica (linha branca)



Imagem hiperecoica (múltiplas microlesões ovaladas brilhantes localizadas na vesícula biliar)



END

10 comentários:

  1. Gostei da iniciativa do blog e pretendo acompanhar as postagens.Uma observação apenas,comenta numa próxima postagem sobre o t2* e quando devemos utilizá-lo!Abraço. :)

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  2. Me encanta ❤ explican demasiado bien a todo e entendí :3 me sirvió muito:)

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  3. Boa noite gostaria saber ovario esquerdo 30×22 praticamente ocupado imagem conteudo liqido com botao solido 6mm hiperecóico o que significa

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  4. a velocidade do som é maior em meios líquidos que em sólido?
    não entendo

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  5. Parabéns pelos posts. Muito bons.
    Obs: A vel do som é maior no sólido

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  6. Também estranhei. Na realidade, quanto maior a proximidade entre as partículas ou átomos, maior a velocidade de propagação de uma onda. Logo, a velocidade do som é sólido>líquido>gasoso

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