sábado, 1 de março de 2014

Introdução à radiologia e nomenclatura radiológica

Aos que preferem assistir a videoaula sobre "Introdução à Radiologia", seguem os links da parte 1 e 2 dessa videoaula que fiz no meu canal do youtube

PARTE 1 - https://www.youtube.com/watch?v=6sXAmpXivzw
PARTE 2 - https://www.youtube.com/watch?v=Z4Swmvvs3pI

Ao nos depararmos com um exame de imagem sempre surge a dúvida: O que é que estamos vendo? Será uma infecção, neoplasia, cistos, inflamação, infiltração gordurosa, abscesso, uma má formação congênita, uma leucopatia? 

Pois bem... A radiologia possui uma gama de exames de imagem a sua disposição para que o caso seja elucidado, mas nem sempre o médico radiologista estará perito naquela área específica, o que pode dificultar o diagnóstico final. Por isso, vamos tentar compreender a partir de agora noções básicas de nomenclatura e introdução à radiologia. Esse post ficará restrito a uma introdução básica sobre os principais métodos de imagem e suas respectivas nomenclaturas.


A abordagem sistemática e mais apurada de cada uma delas será realizada posteriormente, nas postagens subsequentes.


Boa leitura!



Raios X

Inicialmente os famosos raios x. Quando pegamos uma radiografia de tórax, abdome, crânio, braços, pernas, ou o que quer que seja perceberemos que existem diferentes tons para representar os órgãos do corpo humano. São os chamados tons de cinza. Um raio X comum possui em torno de 25 tons de cinza para representar os órgãos, patologias e achados radiológicos, o que de certa maneira é bem pouco. Chamaremos didaticamente as estruturas brancas no raio X de estruturas RADIOPACAS e estruturas pretas de estruturas RADIOTRANSPARENTES. Então, se pararmos para ver a imagem abaixo, perceberemos que os ossos são brancos (radiopacos) e os pulmões são pretos (radiotransparentes).




Porém, iremos perceber também que nem todas as estruturas observadas possuem os mesmos tons extremos de cinza (extremamente radiopacas ou extremamente radiotransparentes), isso porque existem partes moles, vísceras, gordura, músculos, etc, que possuem características radiológicas variáveis. Para sistematizar essas estruturas, devemos ter em mente a seguinte ordem de opacidade de forma crescente: Pulmões, Gordura, Partes Moles e Osso. 

Observe a imagem abaixo


1= Ar/ 2 = Gordura celular/ 3 = Partes moles/ 4= Osso

Tomografia Computadorizada

Entrando na área da Tomografia Computadorizada temos uma quantia maior de tons de cinza, algo em torno de 250 tons. Porém, aqui, a convenção para nomenclaturas muda no sentido de que na tomografia trabalhamos com DENSIDADE. Hiperdenso para estruturas brancas, isodenso para estruturas que possuam densidade semelhante e hipodenso para estruturas pretas. É semelhante ao que estudamos agora pouco em raios X. O que era radiopaco no RX transforma-se em hiperdenso na tomografia e o que era radiotransparente no RX transforma-se em hipodenso na tomografia. Vale ressaltar que em alguns locais é possível ouvir hiperatenuação ou hipoatenuação. Hiperatenuação remete a imagens hiperdensas e hipoatenuação a imagens hipodensas. Basicamente a tomografia trabalha com janelas, dentre as principais podemos destacar: Janela óssea, Janela de partes moles, janela mediastinal e janela pulmonar. Obviamente cada uma delas remete a uma determinada região a ser estudada, não cabendo agora uma explicação plena e total de todas essas janelas, afinal estamos em uma aula de nomenclatura e introdução. Mas como poderei me guiar no que é hiperdenso, isodenso ou hipodenso? Simples. Há uma escala conhecida como escala de Hounsfield (UH), cuja qual categoriza a densidade de certas estruturas e lesões, auxiliando o estudante a compreender melhor os sinais emitidos por determinadas lesões ou estruturas anatômicas. Segue abaixo a imagem de escala de Hounsfield. A TC é mais rápida que a RM, porém, utiliza radiação, sendo, portanto, avaliada quanto a sua necessidade de uso. 


Escala de Hounsfield
TC em janela de partes moles (encéfalo visualizado)
TC em janela óssea (observe que os seios paranasais, que possuem ar em seu interior, se apresentam hipodensos na TC, comprovando assim a escala de densidade de hounsfield, bem como os processos mastoides)

Ressonância Magnética


A ressonância magnética surgiu como um grande avanço na radiologia, especialmente para determinadas áreas como a neurorradiologia. A RM consiste em um método mais caro que a tomografia computadorizada, porém, diferente dessa, não utiliza radiação, sendo assim mais seguro. Seu mecanismo de ação consiste nos movimentos (spins) dos íons hidrogênio (átomo em maior abundância em nosso corpo) através de pulsos magnéticos. A partir de tempos de repetição (TR) e tempos de eco (TE) podemos obter diferentes tipos de imagens as quais classificamos como ponderações. A nomenclatura também se altera. Ao invés de hiperdenso, isodenso e hipodenso teremos hiperINTENSO, isoINTENSO e hipoINTENSO. A grande vantagem da ressonância é o leque de ponderações e exames que a utilizam como base, bem como é um exame que pode ser executado em pacientes grávidas sem risco algum. O que precisamos tomar atenção é com pacientes que possuam próteses metálicas ou marcapassos, pois esses pacientes não são bons candidatos ao exame devido a emissão de pulsos magnéticos por parte da máquina de ressonância. Como avaliar o que vai ser hipo, iso ou hiperintenso na RM? Isso irá variar de acordo com a ponderação com a qual estaremos lidando. E como temos noção da ponderação que estamos observando? pelo tempo de repetição (TR) e o tempo de eco (TE), falados acima.

TR e TE baixo = Imagem ponderada em T1
TR e TE altos = Imagem ponderada em T2

E o que é T1 e T2? o que significa T1 e T2?

T1 e T2 significa dizer que as imagens estão sendo geradas e adquiridas por tempos de eco e repetição diferentes e alternados. E na prática o que isso aumenta em questão de vantagem? Aumenta que a depender desses tempos as imagens geradas possuem sinais diferentes. O que é hipointenso em T1 pode ser hiperintenso em T2 e vice-versa. Um exemplo claro e bem definido disso é a água, por exemplo. Em T1 a água exibe HIPOSINAL e em T2 a água exibe HIPERSINAL. Na prática quer dizer que imagens ponderadas em T1 exibem o líquor cefalorraquidiano com um sinal hipointenso e imagens ponderadas em T2 exibem o líquor cefalorraquidiano hiperintenso. Observe a imagem abaixo:


T1 a esquerda e T2 a direita (duas ponderações distintas, geradas a partir de TR e TE diferentes)

Se repararmos, a imagem a esquerda possui hipossinal para o líquor e a da direita possui hiperssinal para o líquor. Perceba que as imagens possuem diferenças entre si, não somente pelo sinal do líquor mas pelo sinal que a substância branca e cinzenta apresentam comparando-se as duas ponderações. Isso ocorre pela diferença nos tempos de eco e repetição das duas imagens.


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19 comentários:

  1. Obrigada pela publicação, me ajudou e muito!

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  2. Meu laudo de tomogragia da sela turca:
    Diminuta formação hipodensa de contorno regular intra-selar a diteita adjacente a hipofise !o que significa?

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    1. Que você tem que procurar um neurologista...obvio

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    2. Excelnete pergunta! Porém, é fundamental associar exames e avaliação Clinica, pois a Clinica é soberana!

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  3. Meu laudo de tomogragia da sela turca:
    Diminuta formação hipodensa de contorno regular intra-selar a diteita adjacente a hipofise !o que significa?

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    1. provavel adenoma hipofisiario correlacionar com a clinica.

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  4. O que significa tecido hipointenso em T2,
    E isointenso em T1 ???

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    1. Significa que você precisa ir ao médico e perguntar a ele pois eu não tenho a mínima ideia do que é.

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  5. Finalmente consegui descobrir o que é hipodensa. Minha tomo diz que há uma massa hipodensa...

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  6. Fiz um raio x do pulmão e acusou nódulo radiopaco oque significa??

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  7. Obrigada pelo material me ajudou muito
    Obrigada por dividir seu conhecimento conosco

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  8. Oque significa o cerebelo isodenso? O exame deu tudo normal

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  9. Eu tbém tinha dúvidas sobre radiopaco e radiotransparente, só não apareceu o que é o padrão, mas esse artigo é ótimo e me ajudou muito.

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